Foram três maridos, três filhas, dezenas de lugares no mundo e uma bolsa – a mais cobiçada da história. Desde a década de 1960, Jane Birkin faz e acontece.
Nascida em Londres, em 1946, ela viveu o auge da Swinging London. Seguindo os passos da mãe atriz, estreou nos palcos em 1964, com Carving a Statue, de Graham Greene.
Aos 19 anos, participou do elenco do musical Passion Flower Hotel, dirigido por John Barry – famoso por ter composto as trilhas dos filmes de James Bond. Em pouco tempo, ela estava casada com o diretor, 13 anos mais velho do que ela, e já tinha a primeira filha, Kate. Mas, a união não durou muito.
Aos 20 anos, ela fez as malas e desembarcou na França. Provocou frenesi no filme Blow-Up – Depois Daquele Beijo (1966), de Michelangelo Antonioni. Não demorou para conquistar Serge Gainsbourg, cantor ícone e ex-namorado de Brigitte Bardot. Juntos, os dois gravaram o sucesso “Je t’aime, moi non plus”, que vendeu 4 milhões de cópias no mundo e era tão erótica que foi proibida em vários países – entre eles, o Brasil da ditadura militar.
Com Serge, pai da segunda filha (Charlotte), Jane descobriu que era bonita. “As meninas do internato criticavam meu físico e eu acabei acreditando que ele não se enquadrava nos padrões de beleza”, lembra Jane. Meu corpo é uma reta. Nunca tive seios grandes. Era como os homens – eles ficam nus da cintura para cima. Eu também. Não tenho nada a esconder. Até os 16, usava roupas do meu irmão.”
Muita gente sabe que ela foi a fonte inspiradora da mais famosa bolsa da tradicional casa Hermès, mas nem todos o porque…
A bolsa foi lançada em 1984 para a cantora, quando Jean Louis Dumas, filho do Hermés “original”, a avistou embarcando em um avião com diversas bolsas. Durante a viagem Jean Louis perguntou pra Jane Birkin porque ela, sendo mulher inteligente bonitona chamando atenção da mídia naquele momento, não usava bolsas da Hermés. Jane respondeu que curtia coisas mais práticas e que gostava mais de usar cestas do que bolsas, geralmente muito pequenas pra carregar suas coisas. Ele se ofereceu pra criar um modelo pra ela. Pensou, desenhou, montou um protótipo e mostrou pra Jane Birkin – que não só amou mas adotou a bolsa pra vida e cedeu seu nome para o produto!
E se a gente olhar com atenção, a Birkin lembra uma cestona: tem duas alças, tem abertura farta, cresce pros lados e é maleável, com cara de que dura pra sempre (e dura). Desejo com funcionalidade e identidade – e uma relação próxima da inspiração como poucas coisas na moda. A bolsa foi criada há mais de 20 anos e continua sendo disputada em listas de espera, mesmo com preço mais nas alturas do que o avião em que foi primeiro imaginada.
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