sexta-feira, 29 de julho de 2011

Opinião de Marie Rucki

O desfile pode até ser a manifestação mais glamourosa da moda, sobretudo se for de alta-costura, mas a moda de verdade, a que é expressão do gosto, cultura e comportamento de um povo, está nas ruas, não nas passarelas ou nas butiques. É nisso que acredita a professora francesa Marie Rucki, diretora da escola de moda Studio Berçot, de Paris, que está no Brasil para uma série de palestras e workshops na Escola São Paulo. “Querem saber qual a grande tendência do momento: a simplicidade”, diz a professora.

O Studio Berçot é uma das mais renomadas escolas de moda do mundo desde os anos 70. Por lá, já passaram nomes como John Galliano, Martine Sitbon e Azzedine Alaïa.


Presença constante em território nacional, Marie ajudou na formação de estilistas como Gloria Coelho, Lorenzo Merlino, Reinaldo Lourenço e André Lima, ela costuma percorrer o comércio popular para encontrar a verdadeira manifestação da moda do país. E é a partir disso que afirma: “A moda brasileira é contemporânea e, nos últimos dez anos, evoluiu muito em termos de qualidade e design”, afirma. E o que falta para ela estourar no exterior? “Difícil dizer. O Brasil já é referência na moda praia, faz muito bem o vestuário esportivo e tem muita gente fazendo ótimas estamparias. O que vai acontecer depende de investimentos e do desejo dos consumidores, ou seja, não dá para prever.”

Marie Rucki vem, pelo menos, uma vez por ano ao Brasil. Suas amizades vêm sendo colecionadas desde a década de 80, quando Marie veio pela primeira vez  a convite da Rhodia. “Naquela época, lembro que fiquei muito mal impressionada com a moda brasileira. Via muitas mulheres vestidas com calças marrons, de tecido sintético. A cor é ruim e a matéria-prima não tem nada a ver com um país tropical”, diz Marie. Com o tempo, a abertura do país para as importações e a maior circulação da informação, via internet, o cenário se modificou. “As pessoas viajaram mais e ficaram mais bem informadas”, diz Marie. “Hoje, a realidade é outra. Há um maior consumo de cores e dá para ver que a brasileira é muito vaidosa e se veste para seduzir.”


Apesar de reverenciar o maior acesso de seus alunos às informações sobre a moda global, Marie não dá importância a fenômenos contemporâneos, como blogs e redes sociais. “Não dá para levar a sério uma criança de 12 anos fazendo críticas de moda. Ela deveria estar no jardim da infância”, diz a professora, em relação à blogueira americana Tavi Gevinson, que foi assunto no mundo fashion no ano passado por estar na primeira fila dos desfiles mais badalados.


Imagens reprodução

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